14.11.10

Hino da Proclamação da República

Letra do Hino da Proclamação da República


Seja um pálio de luz desdobrado,
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus.

Seja um hino de glória que fale,
De esperança de um novo porvir,
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Das lutas, na tempestade
Dá que ouçamos tua voz.

Nós nem cremos que escravos outrora,
Tenha havido em tão nobre país
Hoje o rubro lampejo da aurora,
Acha irmãos, não tiranos hostis.

Somos todos iguais, ao futuro
Saberemos unidos levar,
Nosso augusto estandarte, que puro,
Brilha ovante, da Pátria no altar.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Das lutas, na tempestade
Dá que ouçamos tua voz.

Se é mister que de peitos valentes,
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes,
Batizou este audaz pavilhão.

Mensageiro de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos,
Heis de ver-nos lutar e vencer.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós
Das lutas, na tempestade
Dá que ouçamos tua voz.


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Vocabulário

Audaz: corajoso

Augusto: majestoso

Aurora: nascer do sol

Brado: grito

Estandarte: bandeira

Hostis: inimigos

Labéus: desonras

Lampejo: clarão

Louçãos: vistosos

Louros: glórias

Mister: necessário

Outrora: em outro tempo

Ovante: vitoriante

Pálio: manto

Pendão: bandeira

Porvir: tempo futuro

Púrpuras: vermelhos-escuros

Rebel: revoltoso

Régias: reais

Remir: redimir

Rubro: vermelho

Soberbo: orgulhoso

Tiranos: governantes cruéis

Torpes: repugnantes

Transes supremos: momentos decisivos

_______________________________________________


AUTORES DO HINO



José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque


Jornalista abolicionista e republicano, poeta, escritor e teatrólogo brasileiro nascido em Recife, Estado de Pernambuco, autor da letra do Hino da República, fundador da Cadeira n. 22 da Academia Brasileira de Letras, que tem como patrono José Bonifácio, o Moço e também conhecido por sua defesa da regulamentação dos direitos autorais e de uma legislação para os acidentes de trabalho. Filho do médico José Joaquim de Campos de Medeiros e Albuquerque, estudou inicialmente com sua mãe e entrou para o Colégio Pedro II. Acompanhou o pai em viagem para a Europa (1880) e estudou na Escola Acadêmica de Lisboa (1880-1884). De volta ao Rio de Janeiro, cursou História Natural com Emílio Goeldi e foi aluno particular de Sílvio Romero. Trabalhando como professor primário adjunto, entrou em contato com os escritores e poetas da época, como Paula Ney e Pardal Mallet, e estreou na literatura publicando o livro de poesias Pecados e canções da decadência (1889), em que revelou conhecimento da estética simbolista. Ocupou a Secretaria Geral da ABL (1899-1917) e foi autor da primeira reforma ortográfica ali promovida. Como jornalista no Rio de Janeiro, fundou os jornais O Clarim e O Fígaro, colaborou na Gazeta de Notícias e em jornais de Buenos Aires e Paris. Teve um período de exílio na Europa (1910-1916), por combater a candidatura do marechal Hermes da Fonseca e, na volta foi deputado federal por Pernambuco e pelo Distrito Federal e senador por Pernambuco. Dirigiu o Colégio Pedro II, a instrução pública do Distrito Federal e o Ministério do Interior e morreu no Rio de Janeiro. Dizia ter sido o autor da idéia da fundação da Academia Brasileira de Letras, mais tarde realizada por Lúcio de Mendonça com a colaboração de alguns dos vultos mais eminentes da literatura nacional. Foi quem respondeu a Graça Aranha, quando do rompimento deste com a Academia e faleceu no Rio de Janeiro, RJ. Deixou obra extensa e variada, que inclui romances, contos, poesia, crônicas, teatro e memórias, além de como escritor, ter sido um dos precursores do movimento simbolista no Brasil e divulgador, no país, das teorias de Freud. Em sua obra destacam-se Remorso (1889) e Quando eu era vivo (1942), ironicamente uma publicação póstuma.



Figura copiada das páginas do CENTRO DE MEMÓRIA / ABL:
http://www.academia.org.br/




Leopoldo Américo Miguez


Nascido em Niterói, 9 de setembro de 1850 — Rio de Janeiro e falecido dia 6 de julho de 1902, foi um compositor, violinista e maestro brasileiro.
Aos 32 anos viajou para a Europa por sua conta a fim de aperfeiçoar-se. Regressou ao Brasil convertido ao credo wagneriano e a princípio destacou-se como regente. Era um ativo republicano e é de sua autoria o Hino da Proclamação da República, composto para o concurso realizado pelo governo da época, que não chegou a ser o hino nacional por decisão do marechal Deodoro. Mas o velho Conservatório de Francisco Manuel já há muito necessitava remodelação e, dois meses depois do 15 de Novembro, era criado o Instituto Nacional de Música, sendo Leopoldo Miguez nomeado seu diretor.
Ao comentar a música de Miguez, recordam-se os poemas sinfônicos Parisiana e Prometeu, a ópera Os Saldunes, a Sinfonia em Si bemol e as peças de câmara:Sonata para violino e piano e o Allegro appassionato, para piano solo. Foi um músico competente, excelente organizador, mas faleceu cedo, aos 52 anos apenas. Foi sobretudo o grande continuador de Francisco Manuel da Silva e o renovador do ensino da música no Brasil no início do século XX.

1. Obras principais

•Música dramática: Pelo amor!; I Salduni (Os Saldunes).

•Música orquestral: Sinfonia em sol bemol (1882); Parisina (1888); Ave libertas (1890); Prometheus (1891); Marcha elegíaca a Camões (1880). Marcha nupcial (1876); Hino à Proclamação da República (1890).

•Música de câmara: Silvia; Suite à l’antique (1893); Trio;

•Música Instrumental: Allegro appassionato; Noturno; Reina a paz em Varsóvia; Concerto para contrabaixo e piano.

•Música vocal: Branca aurora; Le Palmier du Brésil; A Instrução.


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Ouça o Hino da Proclamação da República

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