2.12.09

PURA REFLEXÃO

Professor : Objeto para Museu
Jean Piaget chama a atenção para o fato de não surgirem, de tempos em tempos (até mesmo, anualmente, como no caso dos ganhadores do Prêmio Nobel), grandes pedagogos ou, pelo menos, resultados originais de pesquisas científicas que influenciaram o processo educativo , ao contrário do que ocorre, por exemplo, em medicina. Que descoberta psicológica, biológica, sociológica, nos últimos cinquenta anos, determinou mudanças no processo escolar?! Salvo o uso esporádico de material sugerido pela tecnologia educacional, nenhuma modernização ocorreu, no último século, no sistema escolar! Assinala, também , que os indivíduos que mais influenciarm em educação, em geral, não foram educadores : Comênio (teólogo e filósofo), Rousseau (sequer cuidou dos próprios filhos), Froebel (químico e filósofo), Dewey (filósofo), Montessori, Decroly e Claparède (médicos), o que indica o caráter "reprodutivo" (rotina) da formação magisterial. Um dos educadores mais citados (Pestalozzi) jamais criou métodos e processos novos: foi apenas o introdutor da ardósia (lousa) na atividade escolar!


Os professores são, geralmente, conservadores e conformistas, a serviço dos valores sócio-culturais mais retrógados. Em geral, os professores sequer se atualizam em suas especialidades (conteúdo), e repetem, décadas seguidas, as baboseiras que decoraram no início de sua atividade docente. Não há exemplo de professores renovadores, mesmo porque sua atividade é estrita e minuciosamente vigiada pelos regulamentos, currículos, programas, livros didáticos, etc. Não ocorrem invenções e descobertas dentro do sistema escolar, apesar de um dos objetivos da universidade ser a pesquisa (os laboratórios, onde os professores pesquisam, não fazem parte, propriamente, do acervo pedagógico). O professor típico é um artesão que se repete, indefinidamente, na rotina secular (recitação de lições ou explicações no quadro-negro). Quando o professor tenta inovações, sobre ele cai o peso da censura dos participantes da máquina escolar.


Como se vê, não há, por trás da atividade docente, um corpo de conhecimentos científicos, como ocorre, por exemplo, em medicina e em engenharia. O professor repete, na atividade profissional, o modelo arcaico (verbalização), apesar de sua evidente ineficácia histórica; as escolas não são locais de atividade (motora, verbal e intelectual), mas pequenos e sufocantes auditórios compartimentalizados, onde "oradores" fanhosos recitam, aos brados, textos decorados – tudo muito semelhante ao que ocorria antes da descoberta da escrita e da imprensa. Enquanto recitam, platéias cativas de alunos apáticos enervam-se, aguardando o sinal que suspende a verborragia magisterial. De fato, o professor é um robô que segue, estritamente, currículos, programas, métodos, instruções, regimentos escolares, tec. Determinados pelo "monstrengo burocrático"(administração) que o domestica definitivamente. O professor não decide sequer se um aluno deve ou não permanecer na sala em que dá aula : a ultima palavra é a do diretor.


Não há exemplo de professor (assoberbado de aulas) que cuide de sua contínua formação, como fazem quase todos os profissionais: o professor, em geral, não estuda! É, talvez, o profissional menos informado da pesquisa científica e das invenções tecnológicas, inclusive alienado (sobrecarga de aulas) dos eventos sócio-culturais e políticos. Por outro lado, se for dócil e conformado, ruminante omisso, nada se exigirá dele. Não se faz, por exemplo, o controle do rendimento da ação docente, conquanto o professor não viole as normas administrativas. Não se avalia jamais sua competência profissional: o magistério é uma massa homogênea, em que demonstração de competência é uma agressão à uniformidade da mediocridade anônima. É o reino do igualitarismo, em que se desestimula a excelência! Desapareceram os "grandes educadores", a quem o imperador dava medalhas, da mesma forma como já não existem colégios renomados.

Em síntese, o profissional do magistério é um fóssil de um animal que se extinguiu sem gerar substitutivo evolutivo! Enquanto algumas profissões mudam e outras extinguem-se, nascendo milhares de outras especialidades, o magistério atravessa incólume o processo civilizatório, sem tomar conhecimento das invenções tecnológicas e descobertas científicas.


É impressionante a falta de sensibilidade do magistério para os resultados negativos de sua atividade. Em educação, baixo rendimento, evasão, reprovação, perda do conhecimento, demonstração pública do fracasso nos exames.... nada disso abala o sistema escolar ou põe em dúvida a reputação profissional do magistério! Não se sabe, pois, por onde começar a reforma do sistema, já que o magistério não toma consciência do seu próprio fracasso! Pelo contrário, vangloria-se do massacre das reprovações que ocorrem no sistema escolar, por ele mesmo provocadas. É preciso que a classe do magistério admita, honesta e humildemente, que seu modelo de atividade profissional tornou-se obsoleto perante os recursos técnicos e científicos!


Lauro de Oliveira Lima

0 comentários:

Projeto de Leitura

Powered by emaze
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

© 2009 - 2013 - Blog do FLÁVIO SIMÕES .



Todos os direitos reservados



Hospedagem: http://www.blogspot.com/



Site desenvolvido por Bete Almeida.