14.6.11

Ética e tempo de transcendência

Na noite de quarta-feira, 08 de junho de 2011, Leonardo Boff apresentou a palestra de abertura do 1º CIDEB – Congresso Internacional de Educação da Bahia, intitulada “Ética e tempo de transcendência”.




Leonardo Boff é escritor, teólogo, filósofo e professor nas universidades de Lisboa-Portugal, Salamanca-Espanha, Harvard-EUA, Basel-Suíça e Heidelberg-Alemanha. Também é muito conhecido por ser um dos maiores expoentes da Teologia da Libertação, da defesa das causas sociais e atualmente das causas ambientais.

Boff começou sua palestra arrancando aplausos dos congressistas ao dizer que Porto Seguro era o lugar onde “os indígenas descobriram os portugueses”, pois a história não pode ser contada apenas pela perspectiva do invasor.

Em seguida falou da existência de muitas crises (econômicas, ecológicas), sendo a mais grave de todas a falta de ética. Segundo Boff, a falta de ética nos transforma no Satã da terra em vez de sermos seus anjos da guarda.

Boff falou que temos duas entradas, sendo a primeira a família que é a base de tudo o que seremos no futuro e a segunda a escola, que nos prepara para a vida através da aquisição do conhecimento.

Boff disse que somos herdeiros da revolução, no caso o Iluminismo, que universalizou a escola, antes destinada apenas as pessoas de posse, enquanto a população era mantida sob a falta de conhecimento. Somos herdeiros da sociedade da ciência, afirmou ele.

Segundo Boff, estamos na era planetária, onde a terra é reconhecida como nosso único lar, nosso e das demais espécies. Somos responsáveis pela terra, assim como somos responsáveis por extrairmos o máximo da terra utilizando a tecnologia, esgotando o ecossistema e a biodiversidade.

Boff também diz que estamos na era antropocêntrica, onde o homem tornou-se um perigo para sua própria subsistência, citando a possibilidade que os russos tinham de deflagrar a destruição da terra através de bombas durante a guerra fria e o fato de se fabricarem hoje ainda mais armas, mesmo depois do seu fim. Corremos o risco de não ter um futuro.

Em seguida falando do ethos (casa, arrumar a casa), define que a nossa casa hoje é o planeta. Como podemos arrumar, organizar esta casa?. Comer, ir à escola, ter um salário decente, é a utopia mínima, negada a quase metade da população mundial. Segundo pesquisas, 20% dos mais ricos do mundo consomem cerca de 86,06% das riquezas da terra, enquanto 20% dos mais pobres consomem 1,04%. Assim, cerca de 320 famílias consomem mais que países que somam 600.000.000 (seiscentos milhões) de habitantes.

Segundo Boff é tarefa da nova educação saber como está nossa casa. Devemos ser éticocêntricos e questionar como estão as outras formas de vida, que habitam a mesma casa. A terra sempre foi tida como um baú de onde se retirava tudo o que se necessitava, porém sabemos hoje que os recursos são escassos. Boff diz que a terra não precisa de nós, e sim nós precisamos dela, que ela pode viver muito bem sem a nossa presença. Se não cuidarmos da nossa casa corremos o grande risco de desaparecer.

Boff fala que a terra é chamada de “mãe terra” e quando pensamos em nossas mães concluímos que mãe não se vende não se compra e não se maltrata. Temos o mesmo proceder quando se trata da mãe terra?

Falou também sobre uma crise também atual, a dos sentimentos, pois se sentíssemos os outros, não iríamos querer que os outros sofressem, conforme o texto bíblico que diz que não devemos desejar aos outros aquilo que não queremos para nós mesmos.

Boff diz que o novo desafio pedagógico é cuidar e proteger, que segundo Heidegger a essência do ser humano não é a razão ou inteligência, e sim o cuidado. Uma espécie de “ética do cuidado”, pois tudo o que amamos nós cuidados, uma “ética da responsabilidade”, pois devemos assumir as nossas responsabilidades e uma “ética da compaixão”, pois devemos respeitar não só os mais velhos, mas também cada ser que habita a casa. Precisamos do que mais falta atualmente entre nós: cooperação solidária.

Segundo Boff, a lei suprema da ética é tratar humanamente todos os seres. Precisamos também da espiritualidade, que não está vinculada a uma religião ou ir a igreja, mas sim ao profundo do ser. O homem é dividido em ser exterior – o corpo, ser interior – o que somos, e o ser profundo – o espiritual.

Boff finaliza a palestra dizendo que somos estrelas, e como estrelas vivemos para brilhar e não somente para existir.

Após o final da palestra Leonardo Boff , acompanhado de sua esposa, concedeu entrevistas, autografou livros e posou para fotos com os congressistas.



por José Daniel da Silva
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